Estou só... e agora?
por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br
Temos muito o que falar sobre solidão. Lembro que já escrevi sobre solidão acompanhada quando nos sentimos sozinhos mesmo estando fisicamente cercados de outras pessoas. Falei recentemente no meu blog sobre vitimismo de algumas pessoas frente à solidão, quando se sentem coitadas por não ter alguém, rejeitadas em seus sonhos. E tudo isso com certeza é muito prejudicial e abala a auto-estima.
Se sentir muito triste por conta da solidão gera muitas situações complicadas. Às vezes, as pessoas nessa sintonia acabam aceitando qualquer coisa num relacionamento para ficar com alguém e com isso terminam por sentir raiva, mágoa e muita carência quando se sentem rejeitados. É comum também depois de se doarem numa relação afetiva mal sucedida, as pessoas se sentirem traídas. Afinal, fizeram tudo para dar certo, passaram por cima de seus valores para se adaptar ao outro e o outro não reconhece, não retribui...
Porém, não podemos esquecer que ninguém é obrigado a nos amar. No entanto, quando desejamos alguém loucamente pode ser que nem nos lembremos disso. Conheço pessoas que não tiveram muitos poderes em forçar a natureza, mas se depararam com frutos complicados dessa atitude, pois ninguém deseja ter uma pessoa triste, mal humorada, cheia de críticas e contrariedade a seu lado. Queremos alguém aberto, que nos acolha e que de alguma forma possamos também ajudar.
Para você, leitor, não dizer que só conto história de amor envolvendo a visão feminina desta vez o protagonista é um homem.
Orlando, um homem de boa aparência, já na meia-idade, olhos profundos e semblante sereno, veio me procurar para entender o que fez em Vidas Passadas e o que estava dentro dele fazendo se repetir um padrão negativo de sua vida. Duas relações e duas traições. Um casamento e um namoro longo.
A sessão de Vidas passadas trouxe o seu sentimento de derrota, mas, em seguida, o cenário se abriu e mostrou uma pessoa ambiciosa que pensava que o fim justificava os meios e as ações. Ele foi um conquistador que deixou a família, para ir em busca de esmeraldas no Brasil-Colônia. Quando infortúnios o seguraram na aldeia, acabou se envolvendo com a filha do governador do local e terminou se casando com a moça largando tudo para trás.
Sua consciência, no entanto, ficou presa na culpa por ter largado mulher e filhos. Nesta vida, ele era um bom homem, honesto, trabalhador. Cuidou dos filhos depois da separação, deu assistência à mulher e sempre tentou se abrir para a vida. No entanto, não podia deixar de se sentir traído pelo destino que lhe trouxe sempre relacionamentos com pessoas interesseiras. E, de fato, nesta vida, a colheita de ações do passado trouxe essa triste energia.
Trabalhamos juntos a mudança de sua vibração; afinal, de nada adiantaria ele continuar se sentindo derrotado, dizendo que as mulheres só queriam o seu dinheiro. Era hora de encarar a solidão como uma purificação, como um tempo em sua vida para se enxergar. Até, então, nas duas histórias, as suas ex-companheiras não eram atrizes perfeitas. Com certeza, ambas em algum momento tinham deixado escapar nuances de sua verdadeira natureza, mas quando alguém não quer ver o óbvio, de nada adianta a família ou amigos alertarem.
Ele parecia ser um homem bom, companheiro, uma pessoa com um jeito simples, direto e bem-humorado. Como sofreu bastante com tudo o que enfrentou, o que lhe faltava agora era a consciência de que tinha que ter coragem de encarar a solidão e dar um tempo, sem tentar logo preencher a ausência de alguém colocando uma outra pessoa em seu caminho.
Nestes momentos que é fundamental ter vida espiritual, pois sempre precisamos de apoio numa crença e em objetivos mais profundos. Assim, deixamos de nos ver como coitados e passamos a nos enxergar como pessoas corajosas aprendendo com a vida.
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TEXTO EXTRAÌDO DO SITE: Somostodosum
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